Dia do Trabalhador: desafios contemporâneos; leia a coluna do tabelião André de Paiva Toledo
A origem da celebração remonta ao ano de 1886, em Chicago, nos Estados Unidos.
- Por: André de Paiva Toledo
- 01/05/2025 16:20

O 1º de maio é, em grande parte do mundo, uma data dedicada à celebração e à reflexão sobre as condições de vida dos trabalhadores em todas as suas formas. Conhecido como “Dia do Trabalhador”, esta data não é apenas um feriado, mas uma homenagem histórica a homens e mulheres que, ao longo do tempo, têm reivindicado condições de trabalho mais justas, salários dignos e jornadas humanas.
A origem da celebração remonta ao ano de 1886, em Chicago, nos Estados Unidos, quando trabalhadores da fábrica McCormick organizaram uma greve exigindo a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias. A manifestação foi duramente reprimida, pois inexistia o direito de greve, resultando em confrontos violentos e na morte de vários operários. O episódio se tornou um símbolo da luta por direitos trabalhistas em todo o planeta. Enquanto isso, no Brasil, ainda era legal a utilização da força de trabalho escravizada, que só viria a ser abolida dois anos depois, em 1888.
Em 1889, o Congresso da Segunda Internacional Socialista, realizado em Paris, escolheu o 1º de maio como data oficial para homenagear os trabalhadores de Chicago e promover a solidariedade internacional. Desde então, esse dia passou a ser comemorado em diversos países, sendo feriado oficial em cerca de 80 deles, inclusive no Brasil.
No Brasil, o 1º de maio foi oficialmente reconhecido como Dia do Trabalhador durante o governo de Arthur Bernardes, em 1925, por meio de decreto. No entanto, foi a partir da Revolução de 1930 e com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder que o Estado brasileiro passou a implementar, de maneira mais sistemática, políticas voltadas aos direitos trabalhistas. Um marco fundamental desse processo foi a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1943 — até hoje, a principal norma jurídica que regula as relações de trabalho no País. Importa lembrar que o Brasil carregava o peso de mais de 300 anos de escravidão, o que atrasou significativamente a construção de uma cultura de proteção ao trabalho livre.
Com o avanço da tecnologia, novas formas de trabalho surgem, trazendo desafios inéditos aos seres humanos que dispõem da sua força física e mental para sua sobrevivência. A comunicação instantânea com pessoas de qualquer parte do globo e a popularização do “home office”, especialmente após a pandemia de Covid-19, tornaram mais tênue a separação entre vida profissional e pessoal. A tecnologia, que pode ser uma aliada, também pode causar problemas e impasses se não for devidamente utilizada.
Além disso, cresce o número de trabalhadores que atuam por conta própria, muitas vezes em atividades mediadas por plataformas digitais, sem vínculo formal e obrigando-se diretamente a consumidores, com todos os ônus existentes. São “empreendedores” que enfrentam jornadas longas, falta de férias, inexistência de seguridade social, carga tributária e insegurança jurídica. Apesar de estarem fora da definição jurídica tradicional de "empregado", são, na realidade, os mais sobrecarregados.
Neste 1º de maio, é a esses trabalhadores precarizados que devemos dedicar nossa maior atenção e respeito, pois celebrar o Dia do Trabalhador é, sobretudo, lutar por justiça social e dignidade para todos aqueles que vivem do suor do próprio rosto.
