Mudança climática pesa no bolso do cidadão; leia a coluna do tabelião André de Paiva Toledo


Há quase sessenta anos, um grave derramamento de óleo no Atlântico Norte despertou a consciência global para a necessidade de proteção ambiental. Desde então, a questão ecológica tornou-se um tema central nos debates internacionais, levando à criação de tratados e acordos voltados à preservação dos ecossistemas e ao controle dos impactos ambientais.

Até meados da década de 1980, muitos países viam as demandas ecológicas como um entrave ao crescimento econômico. Havia a percepção de que os países ricos, que haviam alcançado a prosperidade através da exploração desenfreada dos recursos naturais, tentavam impedir que os demais seguissem o mesmo caminho. Essa visão era especialmente forte entre as nações que haviam sofrido séculos de exploração colonial e que viam no desenvolvimento industrial uma forma de emancipação econômica.

Foi aí que surgiu o conceito de “desenvolvimento sustentável”, uma tentativa de equilibrar o crescimento econômico com a preservação ambiental. Esse conceito ganhou força na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, quando a sustentabilidade passou a ser compreendida como uma dimensão essencial da economia. A partir desse evento, os governos começaram a implementar políticas públicas para reduzir os impactos ambientais sem comprometer o desenvolvimento econômico.

Contudo, apesar dos esforços globais, o ritmo de adaptação do sistema produtivo ainda não é suficiente para garantir um desenvolvimento verdadeiramente sustentável. A necessidade de trabalho e produção continua a causar danos significativos ao meio ambiente, e, na maioria das vezes, os interesses econômicos prevalecem sobre as preocupações ecológicas, tanto em países pobres quanto em países ricos, com algumas exceções notáveis. O aquecimento global, impulsionado pelo aumento dos gases de efeito estufa provenientes da queima de combustíveis fósseis, do desmatamento e da poluição industrial, tem sido um dos maiores desafios ambientais e econômicos da atualidade.

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Os impactos da mudança climática têm se refletido diretamente na economia. Como discutido em coluna anterior, o aumento dos preços dos alimentos – especialmente o café – tem uma forte relação com questões climáticas. A redução da produtividade agrícola, causada eventos climáticos extremos, reduz a oferta de alimentos em um mundo que terá 10 bilhões de habitantes em 2050. No Brasil, um exemplo é o Rio Grande do Sul, que previa colher 35 milhões de toneladas de grãos em 2024, mas sofreu uma queda de 20% devido à seca. Além disso, a falta de chuvas tem elevado os preços da energia no mercado livre, chegando a valores seis vezes maiores em algumas regiões, o que pode pressionar a inflação e impactar as tarifas para todos nós.

Diante desse cenário, fica claro que a vida se torna mais cara quando o equilíbrio ambiental é comprometido. O aumento do custo de vida decorrente dos impactos climáticos desmistifica a ideia de que a ecologia é um obstáculo ao crescimento econômico. Pelo contrário, os dados mostram que a degradação ambiental pesa diretamente no bolso do cidadão, tornando urgente a adoção de soluções sustentáveis, em nível local, regional e global, a fim de garantir a estabilidade econômica e a qualidade de vida das presentes e futuras gerações.

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